O Chapter VI é o quinto álbum da banda sueca de Doom Metal Candlemass, e é talvez o trabalho que requer os maiores cuidados ao ser analisado graças aos diversos fatores que o tornaram o disco mais subestimado – e as vezes até esquecido – da discografia da banda.
O Candlemass é uma daquelas bandas precursoras de um estilo, que inventou o próprio som e criou diversos filhotes, influenciou uma legião de bandas e atingiu o auge da carreira como um expoente no estilo que ajudou a criar; e depois de lançar um petardo atrás do outro com a formação clássica e a mesma fórmula que os deixou no auge, foi acometida por um mau que atinge as melhores famílias: problemas internos envolvendo direitos, egos e tudo que se pode imaginar.
O resultado disso foi a saída do vocalista Messiah Marcolin, dono da voz que consagrou a banda, que conquistou milhares de fãs e que era até então “a voz do Candlemass”. Porém agora havia deixado de ser. Entra na banda Thomas Vikström, vocalista que vinha de uma banda de hard rock, e dessa fusão sai o álbum em questão.
O Chapter VI é diferente de tudo que havia sido lançado pela banda, uma das maiores obras-primas dos anos 90, mas como já foi dito, continha outra fórmula e outro vocalista, motivos mais que suficientes para criar um estranhamento por parte dos fãs, o que fez com que o álbum fosse um fracasso em termos de vendas. Uma pena, pois eu o considero um dos melhores trabalhos da banda, e o auge criativo de Leif Edling.
No Chapter VI a banda não deixou de lado suas características principais, todo o clima épico está ali, porém agora há uma veia Heavy Metal muito mais forte, com riffs rapidos e o vocal de Thomas Vikström mais agressivo e melódico (paradoxal eim?) e menos operístico que o de Messiah. Vikström se mostra um vocalista extremamente versátil e talentoso e consegue projetar a voz da maneira que a música pede sem exageros e com feeling de sobra, é simplesmente um trabalho fantástico que merece ser apreciado por todo fã de música.
Nesse álbum a banda trabalha muito bem o instrumental, sem mudanças escandalosas, todos os elementos que os consagraram estão lá, alguns mais evidenciados, outros aparecem menos, a maior mudança é por conta dos teclados que estão muito mais trabalhados, porém de maneira bastante lúcida, sem comprometer o som, apenas acrescentando.
A primeira faixa do disco, The Dying Illusion, assusta um pouco quem está acostumado com o trabalho que vinha sendo desenvolvido anteriormente, é uma musica muito mais direta, com elementos progressivos e uma veia Power Metal bem evidente. Muito boa.
A segunda faixa, Julie Laughs No More, se aproxima muito mais da sonoridade que consagrou a banda, mas se me permitem dizer, a estrutura dela, os riffs e a linha vocal só me fazem lembrar algumas composições de Jeff Waters (Annihilator), será que é possível essa ligação? Provavelmente é só viagem minha, mas vai saber...
Where The Runes Still Speak merece uma atenção especial, é uma das minhas favoritas do disco, uma daquelas musicas que vai crescendo, conduzida magistralmente pelas guitarras e a linha vocal é incrível, e o solo bem encaixado com teclados e uma influência de Ritche Blackmore (remete muito ao Rainbow) fantástica.
The Ebony Throne tem um riff mais denso, uma atmosfera bastante presente nos primeiros trabalhos da banda, o riff apenas conduz o ouvinte ao refrão (excelente por sinal), e o solo destoa um pouco do resto da música, porém cumpre o seu papel, apesar de não parecer é uma das minhas favoritas.
Um teclado introduz a Temple of The Dead, e o riff que vem depois dele é um dos que mais remete ao Candlemass clássico, excelente composição. Destaque para os vocais do Thomas.
Aftermath é a sexta faixa, e a que mais foge do estilo da banda, os vocais poderiam ser encaixados em uma musica do Malmsteen, o próprio refrão é bem diferente, e o solo é fenomenal, um dos melhores do disco, cheio de boas influências.
Black Eyes é aquele Doom Metal sem frescuras, eu amo os riffs dessa musica, destaque para ela também, ouça essa musica até sentir que ela faz parte da sua vida, ehehehhe
Finalmente, a musica que fecha o disco é a The End of Pain, e fecha com chave de ouro, segunda melhor musica de encerramento de um disco do Candlemass que me vêm à cabeça no momento(depois é claro de A Sorcerer’s Pledge do Epicus Doomicus Metallicus), gosto muito dessa faixa, os riffs são excelentes e o solo é lindo, o que aliás é bem comum no Candlemass.
Outro destaque deste disco fica por parte das letras, é raro ver um trabalho de Metal com uma preocupação tão grande na parte literária, vale a pena para os que não são fluentes em inglês (como eu) procurar na internet a tradução das músicas.
Enfim, Chapter VI é um dos álbuns mais subestimados do Candlemass, e ironicamente um dos melhores, recomendadíssimo!!
Tracklist:
02 - Julie Laughs No More
03 - Where The Runes Still Speak
04 - The Ebony Throne
05 - Temple Of The Dead
06 - Aftermath
07 - Black Eyes
08 - The End Of Pain
Banda:
Thomas Vikström - vocals
Lars Johansson - lead guitar
Mats "Mappe" Björkman - rhythm guitar
Leif Edling - bass
Lars Johansson - lead guitar
Mats "Mappe" Björkman - rhythm guitar
Leif Edling - bass
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